Rolando ladeira abaixo

A coisa está ficando bem feia na educação brasileira. Uma reportagem publicada na última segunda-feira, no caderno Cotidiano do jornal Folha de S.Paulo e na Folha Online mostrou estatisticamente o rendimento dos alunos concluintes do Ensino Médio em São Paulo. Atente para o detalhe de que esse retrato inclui estudantes de escolas particulares :“43% dos estudantes mostram conhecimentos de leitura e escrita esperados da 8ª série”.

A justificativa que se deu para esta situação lamentável foi a desvalorização dos professores e a sobrecarga de aula. A conseqüência é a queda da qualidade das aulas e a indiferença do professor em relação aos seus alunos. Quase todos os professores da rede pública (70%) trabalham em mais de uma escola. A Globo também noticiou o fato no SPTV.

Imagine se algum desses estudantes “subalfabetizados” conseguirá passar no vestibular sem uma estadia prévia em algum cursinho pré-vestibular? Pense ainda se eles têm condição para pagar a mensalidade integral? Ou se, então, conseguem uma boa pontuação nessas provas de bolsa de estudo nos cursinhos mais conhecidos da região – Objetivo, Etapa, Anglo etc.

Cada vez mais eu me convenço de que vivemos em uma sociedade de castas, na qual os pobres são submetidos à misericórdia artificial dos ricos, essa hipocrisia da iniciativa privada que serve mais de analgésico do que de solução efetiva para os problemas da nossa sociedade, e esse chove-não-molha do governo com as bolsas assistenciais.

Oficialmente, este pode ser meu último post nesse blog tão familiar à minha rotina e às minhas expectativas. Foi uma grande experiência buscar coisas que atraíssem a atenção dos estudantes, apesar de ser precária a situação.

Ainda sei muito pouco e sou menos informada quanto deveria. Mas estou estudando para ser alguém que faça a diferença e ajude a mudar a história do nosso país. Se não for para isso, prefiro rolar a ladeira com os desinteressados e os medíocres.

Um forte abraço a todos que nos apoiaram e agradeço a gentileza de todos que cederam suas imagens e alguns minutos para ler nossos textos.